21.3.05

sim, eu sou um fanático por cultura pop, filmes b, quadrinhos e afins. nunca curti álbum de figurinhas de futebol ou qualquer outra coisa que os meninos da minha sala curtiam. o que eu gostava é de ficar até altas horas de madrugada, mesmo tendo aula na manhã seguinte, vendo filmes. qualquer filme. clássicos, baboseiras de hollywood, filmes de arte, qualquer coisa mesmo. mas o que mais gostava era descobrir filmes que sabia que só eu os apreciaria, eram os meus pequenos tesouros. filmes sem muito sucesso, fracassos até, na maioria filmes b baratos, mas sempre com alguma coisa especial, incomum.
um dos meus prediletos é "blue tiger" que passava nos domingos no sbt (num dia desses vou falar de sssssss, o homem cobra). a fita era cinema b de qualidade: muita ação, artes marciais,seminus e uma protagonista sexy. mas tudo isso misturado de uma maneira inusitada e com uma trama bem escrita e que desenvolvia bem o tema do filme, a honra.
gina era uma pacata mãe solteira que amava seu filho, até que entrando num mercadinho no dia das bruxas tem o seu filho vítima de fogo cruzado de um misterioso homem mascarado e uma gangue de rua. a única coisa que ela consegue identificar do assassino é sua tatuagem de tigre. então ela começa a pesquisar em várias lojas de tatoo, que tipo de tatuagem é e qual o seu significado. descobre que é uma marca típica dos matadores da yakuza e decide se tatuar também com uma imagem de tigre e adentrar no mundo barra pesada da criminalidade japonesa para achar o assassino do seu filho.
norberto barba, diretor do filme, não se deixa limitar pelos aspectos b da película e cria um clima noir quase surreal. antes do assassinato, a fotografia é bastante luminosa, bem californiana, mas quando gina tem seu mundo destruído, ela adentra num mundo neon, de cores pesadas e muita fumaça, bem típico dos anos 80, um mundo artificial e encantador.
e tudo isso combina perfeitamente com a intérprete de gina. virginia madsen. sim, a musa dos independentes de sideaways é a tatuada da foto. virginia tem uma beleza exótica e profana, como seu irmão (que aliás faz uma ponta no filme como tatuador) e encarna perfeitamente os dois lados da personagem, a mãe dedicada e mãe revoltada e com desejo de vingança.
e um dos grandes charmes do filme é como ele ultrapassa certos clichês do gênero policial. os assassinos da yakuza são homens de certa honra e certa cultura, essencialmente humanos. e éesse o dilema de gina. pois ela encontra carinho e honra nos braços de homens que ela deveria odiar.
se um dia blue tiger passar de novo no sbt, ponha o vídeo cassete para gravar.
escrito por jmm | |